quarta-feira, 31 de março de 2010

Han Fei

Um "ressabiado" chinês disse que o início do mal é o núcleo natural.
Confiança é anormal: tratamento de mero instrumento racional.
Amam-se as conveniências, o lucro.
Ele conhece o Tao, e fez dele tal selvageria, que semelhante a um martelo, cravou um prego que cisma em infeccionar os corações mecânicos.

Grande Certeza

Nenhuma grande certeza
Cabe dentro de uma dúvida:
Que é viver
Tudo é saber ...

Andando pelas curvas
Boiando em águas turvas
Vivendo na psicodelia
Descubro que não há descoberta
Que não esteja encoberta em interrogações

Divagações surgem
Crescem ramos e caminhos
Mas quando se encontra sozinho
Que brotam os sonhos mais profundos
Loucuras, utopias
Que o o cotidiano e o pragmatismo
Tiram a cor e sabor

Uma légua de insondável sertão
Distanciam os caminhos do coração
Que sofre e sabe
Quando não cabe: a vida
A única saída
É voltar do sertão
Em meio as muitas veredas
Se encontrar com Deus e o Diabo
Ainda sem achar o derradeiro resultado

Somente a desconfiança
Que é o motor do grande sábio
E a resposta mais próxima
Da dúvida.

terça-feira, 30 de março de 2010

Barragens

Sei que escrevo muita merda
Conheço e desconheço as métricas
Podem chamar de poema, poesia
Engedrada na mente
Expelida pela mão
Palavras em vão
Tentam transbordar sentimentos
Mas meu único ressentimento:
A rima fácil
Parece criação de menino
Que sou e tento esconder

Elaborando grandes idéias num vocabulário restrito
Cerceado pela linguagem
Desaguada pela vontade
De estourar ao menos uma barragem
Libertar o fluxo infinito das coisas
Sabendo que nosso Brasil
Não precisa mais
De mundos d'água

Sobrepondo tradições
Afogando as vidas de Javé
De tantos Zés, e Marias
Tendo como maior patrimônio
A história da lida
Essa sim
Vale a pena ser escrita
Já que são tantas as terras prometidas
Promessa de que da terra
Não se barram as vidas.

sexta-feira, 26 de março de 2010

É Manchete!

Ganhos recordes
Apesar da crise.


Aí eu te pergunto, e o Chico Science também:

"De que lado você samba?"

Ovo de Granja

Formado pela gorda galinha branca
Criado por uma grande estufa
Nascido de um calor artificial
Que é sua mãe natural

Mas, que mãe desnaturada
Muito desleixada
Não o ensina nada

Sem sentimentos
Desde o nascimento
Até a morte
Sua vida é uma sorte infeliz

Marcada pelo excesso e a ... frieza?!
O calor é em celsius
O frio está em sentir e ser, o que ser?

Um graúdo ovo branco
Semelhante a uma bola de golfe
Ou um saco congelado
De um peito hormonizado
Morto desde o começo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A alma e o corpo

A alma e o corpo vão juntas visitar o paraíso
Não viole meu templo!
Se estudar meu estômago
Como comerei a maça envenenada?

Mas se eu for livre da carne
Poderei viajar sem massa
Não comerei a bela maça vermelha
Que adoça e mata
Conhecerei galáxias distantes num só instante
Infinito como o tempo
E a vida.

Impossibilidade.

Como é possível?
Acidentes, terremotos
Novelas, medo.
É impossível.
Tudo se repete
Nada se faz
Esconde no apartamento e lamenta o mundo cruel.
A crueldade é o hábito mais soturno e cotidiano da televisão.
Impossibilidade.
A era da impotência!
Somos brochas e o monstro que nos castra
É o medo do mundo que aceitamos.