quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Prosa

gostaria eu te cantar esta prosa
não sei qual seria o ritmo
talvez fosse na levada de um samba de Cartola

talvez este aforismo se deva pela minha alegria de saber
que existem mil sambas e sentimentos assim como os meus
desencontrados, resguardados pelos nobres vagabundos de rua.

a música, a sugestão ..

está tudo pairado no ar
esperando o momento, o toque certo da nota que sai do silêncio musicado
perdido no espaço, esperando a lógica mais (in)exata que seu autor consegue lhe dar

não tem ordem de primeiro ou último
chegou a hora, ficou no ponto, pode voar

nesse vôo sutil, mil paradas nos corações
dos que vêm a se identificar com as palavras e os sons e assim vai ..que este planar bonito não se cansa, segue sem cessar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Cordão Umbilical

[Tempos Imemoriais estes, enquanto eu me alimentava de você, e tu, tão nobremente cumpria suas obrigações com o tempo, que tudo leva, constrói e transforma.. eramos tão felizes]

¹Sabe, hoje é senso comum que o tempo não nos pertence .. é uma afirmação inevitável nestes nossos tempos tão modernos.
¹Ao mesmo tempo, é tão difícil lidar com essa noção de que tudo já está extrapolando o tempo de ser, como por exemplo, agora mesmo, enquanto redijo estas mal acabadas frases para ti, acabei de perder a oportunidade de fazer algo que deveria estar previsto em algum postulado do tempo e da vida ..

²Pois ele já fugiu do controle (o tempo), as obrigações promulgadas a mim no tempo já estão atrasadas e eu nem mesmo sei que rumo tomar. Só vou seguindo a maré ...

[Lembro-me com uma falsa saudade do tempo em que eramos um só, eu e Ela (mamãe natureza); as horas eram determinadas, mas por nós]
[Viviamos numa paradoxal relação de dependência autônoma, eramos razão e viver, cuidar e crescer, plantar e colher]

[Se faz parca, mas real a lembrança sobre o dia(?) em que cortaram o cordão umbilical, nosso canal mais sagrado]
[Desde então, fiquei refém de algum mecanismo maior que eu, que por sua vez parece ser regido por um fluxo pré-determinado, mas artificial, falso.]
[Vivo hoje sem referêncial, não sei mesmo nem a hora de comer, muito menos sei plantar, sem você por perto]

¹Talvez estejamos realmente perdidos, sem esperanças e ao mesmo tempo loucos pela volta de um tempo imemorial - li sobre isto em algum lugar - mas, como por loucura, vamos em frente sem saber se queremos voltar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aparente

Sua beleza me diz muitas coisas
Uma mirada reflete mil versões sobre você
Cores, perfumes, sensações ..

No entanto, sei que todo o imaginado
não passa de um verso de pouca prosa

A imagem permanecerá se eu nem mesmo uma palavra trocar
Ela será a lembrança de uma idealização

Aparente
Eu mesmo serei para você que me viu talvez de relance,
algo proeminente, para mim (satisfazendo todo o meu ego)

aparências aparte:
Um belo terno pode estar tanto no Banco Central como na Cracolândia.

A arte de ser um bom enganador pode virar verdade para o autor da artimanha,
assim como a ilusão de ser verdadeiro pode sucumbir na primeira mentira.

É idéia, ideal, idílico, idiota. Tanto faz.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quixotada I

" Também há de carecer meu livro de sonetos no início, ao menos de sonetos cujos autores sejam duques, marqueses, condes, bispos, damas ou poetas celebérrimos; embora, se eu os pedisse a dois ou três amigos do ofício, eu sei que mos dariam, e tais, que não lhes igualariam os daqueles que têm mais nome em nossa Espanha. Enfim, senhor e amigo meu - prossegui - , eu determino que o senhor D. Quixote permaneça sepultado em seus arquivos na Mancha, até que o céu depare quem o adorne de tantas coisas quantas lhe faltam, porque eu me acho incapaz de remediá-las, por minha insuficiência e poucas letras, e porque naturalmente sou acomodado e preguiçoso para andar buscando autores que digam o que eu sei dizer perfeitamente sem eles. Disso nasce a suspensão e absorção, amigo, em que me achastes, sendo causa bastante para pôr-me nela a que de mim ouvistes."

Extraído do Prólogo de "O Engenhosos Fidalgo Dom Quixote da Mancha" de Miguel de Cervantes.

sábado, 2 de julho de 2011

Lamento Sertanejo

TOM TOM TOM
TEM TEM TEM
TUM TUM TEM

FIU FIU FIU FIIIIIU

Salve Dominguinhos...

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.

domingo, 24 de abril de 2011

Mo(vi)mento

É quando a certeza de negar algo se desfaz,
que o certo vira ..

Momento controverso, não teme nem dispõe explicação
É assim que é, que foi, que virá ..

No entanto,
descarrego toda energia gasta por uma explicação no ato de não fazê-la?!

Uma simples questão de olhar e saber do outro.
mo(vi)mentos ondulantes desse coração são críveis tão somente para ele(s).

domingo, 17 de abril de 2011

Desencontros e Certezas

Misteriosa caminhada que é viver
Enveredado em tortuosas certezas
Tanto dizem, quanto ao meu saber:

As frases convencionadas,
dizeres que te tanto gastos, farto me esqueço.

Os sentimentos desencontrados,
são mais que simples relações de amor e ódio.

Os ideiaIs estereotipados,
me transmitem tão pouco do que é real.

A verdade falada,
reverberada por mil convenções se esqueçe de atingir seu alvo.

Quanto ao ser dessa caminhada,
parte sozinho, idéia e sentir: vereda índiovivo (em si).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Viva em dois mundos: muitas cores

Ontem, cruzada: hoje, congada
lá o cavaleiro, cá el rey imaginado

Viajantes vieram e acharam tudo fora de lugar
muitas misturas para seus 'bons' agrados.

Divino, Cavalhada, Dia de Reis
Viva!
banda do visconde toca no mesmo tom
maracatus e Viva!
Me diga se há coisa mais bela, um préludio batuque, reis do Congo.
Carregam suas cores: verde, preto e amarela.

Nenhuma religião é esta, senão ela mesma
Nossa mãe padroeira, tem um nome para cada estrela
Que alumeia o céu de nossa bandeira.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Gestação Monárquica

Gestado sem pai nem mãe,
infante, em frente, Pedro II
menino gente, herói sagrado
Habsburgo transmutado num paraíso tropical.


Agora é assim:
Na rua do Ouvidor, vestidos, artigos de toucador.

Nego, o burro agora puxa o bonde ..
ô Nego, não te enxergo, (nem) te quero longe ..

Depois da ressaca Praieira,
uni-vos ao pé da bandeira, um novo lema.
No palco Imperial,
só a barba diferia um Luzia de um Saquarema.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Onda Perdida

Discurso com aquele eufemismo colaborador, vendido
Na década de 70, anos perdidos
Surgiu uma onda, que não dava pé
Inundou os campos brasileiros
Matando formiga lava-pé

Era embebida nossa terra
Presa ainda hoje dentro dum MAPA
Sem barreiras, crescendo em P.G.

na luta
Vacas magras, vivendo na caatinga, sem esmorecer
Restinga, no aguardo da grande chuva
Engendrar a vinda

da Semente boa
Verdedeira onda

Dentro de uma nova cartografia
Sem cerca de arame para resguardar
"O que não é direito, nem nunca será"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Incomum diálogo

'Curar mazelas ou criar donzelas?'

(Decidido.
Investimento turístico no Caribe,
Potencial farmacêutico no Haiti,
Extração de petróleo na ilha Brasillis.)

'Curar donzelas e criar mazelas.'


Estou me protegendo. (Segurança e lazer para elas)

De Quem?

Difícil saber,
Porém de uma modernidade indiscutível.

Olhos bem abertos. Confiança temerária, circunstancial e efêmera.

Hoje tudo é estratégico. Normal.
Conhece o novo game?

Eu vivo.

Um tiro corrompeu todo o coração. Meu Deus.
Mata, mata logo!

O quê?

Difícil encontrar a saída.

Novos lotes de alegria,

de costas para o não visto.
Desculpe, não quisto?

Quito hoje a 1ª parcela! Que vitória.

Me parece algo atemporal. Ao mesmo tempo eterno em sua busca.

No google? Divertido.

Não, na vida.

Difícil saber.

Como?

Não sei ainda..

No seio de algo ou no auge do consumo.
Ideal ou 'merecido'?

Oportuno. Respondo por minhas ações e idéias.
Vou aonde quero, quando posso. É o melhor que escolhi. Disso eu sei.

Melhor, como?

Acorda, acorda!
Sua hora, pelo amor de Deus.

(h)Ora minha(?) filha,
não.

Difícil entender.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Reflexões Póstumas II

Este mesmo homem, que tantos e tu fala
Também foi feliz

Sem embaraço, em sua peça
Não se deitou com meretriz

Porém, gosto não lhe faltou
Amor, não lhe cabia
Ao deitar, sorria

Como se o medo e a trizteza da solidão fossem piada

Homem de Maria

Teve uma certeza que é tão antiga quanto a estória
Uma memória de tanto sonhar,
que dormir, acordar

Tanto faz, força maior que vem ..
Abrir semicerrado o olho do coração sempre atento, A Paz.